sexta-feira, 4 de março de 2011

Carnaval nas aulas de artes


Noite dos Mascarados
Chico Buarque/1966
Para o musical Meu refrão

Ele: Quem é você?
Ela: Adivinhe, se gosta de mim
Os dois: Hoje os dois mascarados
Procuram os seus namorados
Perguntando assim:
Ele: Quem é você, diga logo
Ela: Que eu quero saber o seu jogo
Ele: Que eu quero morrer no seu bloco
Ela: Que eu quero me arder no seu fogo
Ele: Eu sou seresteiro
Poeta e cantor
Ela: O meu tempo inteiro
Só zombo do amor
Ele: Eu tenho um pandeiro
Ela: Só quero um violão
Ele: Eu nado em dinheiro
Ela: Não tenho um tostão
Fui porta-estandarte
Não sei mais dançar
Ele: Eu, modéstia à parte
Nasci pra sambar
Ela: Eu sou tão menina
Ele: Meu tempo passou
Ela: Eu sou Colombina
Ele: Eu sou Pierrot
Os dois: Mas é carnaval
Não me diga mais quem é você
Amanhã, tudo volta ao normal
Deixe a festa acabar
Deixe o barco correr
Deixe o dia raiar
Que hoje eu sou
Da maneira que você me quer
O que você pedir
Eu lhe dou
Seja você quem for
Seja o que Deus quiser
Seja você quem for
Seja o que Deus quiser

O ator Hugo Carvana e o diretor Antônio Carlos Fontoura haviam se encantado com Morte e vida severina e imaginaram um show só com música de Chico Buarque, que seriam cantadas também por Odette Lara e pelo MPB-4. Chamou-se Meu refrão e estreou em julho de 1966 na boate Arpège, do pianista Waldir Calmon, no Leme. Foi um enorme sucesso e ficou meses em cartaz. É dessa ocasião o primeiro entrevero de Chico com a censura. Para que o programa não ficasse desfalcado, Fontoura pediu a Chico que compusesse outra música, a ser cantada em dueto com Odette Lara. "Foi assim que ele fez Noite dos mascarados, em cinco dias".


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